“Tem gente que já disputava eleição antes de eu nascer. Manaus tem que seguir seu caminho”

Estreante em disputa majoritária, o advogado Marcelo Amil (PCdoB), 37 anos, declarou que a Prefeitura de Manaus em 2020 tem candidato que disputa cargo antes de ele nascer e que a cidade, neste momento, precisa dar novos rumos à administração pública.

Sem citar o candidato Amazonino Mendes (Podemos), de 80 anos e 40 de disputas eleitorais vitoriosas, Amil se refere ao ex-prefeito e ex-governador que é líder das pesquisas para as Eleições 2020.

“Tem gente que tá disputando a eleição hoje e já disputava, talvez, antes de eu nascer, que já governou Manaus diversas vezes. Todo mundo deu o que tinha que dar. Manaus tem que seguir o seu caminho”, declarou.

Além de se apresentar como diferencial entre os onze que disputam a prefeitura pondo em destaque sua identidade em Manaus, Amil também se destaca que, dentro do PCdoB representa um novo momento do partido e justificando as diferentes de discurso entre ele e as outras lideranças históricas que já disputaram cargos majoritários no partido como Vanessa Grazziotin, Eron Bezerra e Lúcia Antony.

“O PCdoB entendeu que era necessário um movimento de renovação”.

Ao justificar sua ausência na militância comunista nos últimos anos, diz que após participação no movimento estudantil se afastou para estudar e evitar a síndrome de Peter Pan.

“Não queria virar um militante Peter Pan”.

Leia a seguir trechos da entrevista do candidato do PCdoB ao programa Exclusiva, concedido no dia 12 de outubro, a última da série com os candidatos a prefeito de Manaus na rádio BandNews Difusora (93.7). A entrevista completa está neste link.

Exclusiva

O programa Exclusiva, que vai ao ar todas as segundas-feiras na 93.7, iniciou uma série especial das Eleições 2020 para entrevistar os 11 candidatos à Prefeitura de Manaus.

Equipe Exclusiva:
Rosiene Carvalho / Apresentação
Thais Gama / ancoragem e apresentação
Patryck Vieira e Ricardo Chaves / Produção
Daniel Jordano / Editor executivo

Tem gente que tá disputando a eleição hoje e já disputava, talvez, antes de eu nascer, que já governou Manaus diversas vezes. . Todo mundo deu o que tinha que dar. Manaus tem que seguir o seu caminho.

Exclusiva: Por que o senhor quer ser prefeito de Manaus?

Marcelo Amil: Gosto de dizer sempre que eu sou nascido, criado e quero ser enterrado aqui em Manaus. Cresci no bairro da Raiz. A minha infância foi indo pro Vivaldão a pé pra assistir jogo do Rio Negro. Na minha adolescência, fiz curso de teatro e estudei música no Cláudio Santoro. Na juventude, pegava minha namorada pra gente namorar na praça da Saudade e no Largo São Sebastião. Então, minha vida inteira sempre foi em Manaus. Graças a Deus eu tive oportunidades na vida, poderia trabalhar em Minas Gerais, tive propostas de trabalho até mesmo no exterior, mas sempre optei por ficar mesmo em Manaus e, já que vou morar minha vida toda em Manaus me sinto no dever de contribuir.

Tem gente que tá disputando a eleição hoje e já disputava, talvez, antes de eu nascer, que já governou Manaus diversas vezes quando eu era criança, quando eu era adolescente. Respeito a história de todo mundo. Todo mundo deu o que tinha que dar, contribui dentro do que podia, uns de forma mais nobre, outros de forma mais discutível, mas Manaus tem que seguir o seu caminho.

As soluções para Manaus têm que ser pensadas e buscadas por que vive aqui em Manaus

Exclusiva: Candidato, na sua opinião existe algum problema que seja o pior em Manaus e que deva merecer sua prioridade, caso o senhor seja eleito?

Marcelo Amil: Não sei se chega a ser o pior problema de Manaus mas um problema que entendo que é grave e que precisa ser corrigido da forma mais breve possível é o fato de nós não valorizarmos o produto da terra. Se a gente vai ouvir música a gente tende a consumir música de fora tendo aqui Torrino, Candinho, Inês, Davi Assayag, o saudoso Arlindo Junior. Se a gente vai consumir artes plásticas, a gente tende a consumir o que é de fora tendo grandiosos artistas plásticos. Na produção intelectual também, na gestão dos problemas a gente tende a ver secretariados, soluções importadas lá de longe e isso a gente vai mudar. As soluções para Manaus têm que ser pensadas e buscadas por que vive aqui em Manaus e não tô nem falando de nascer porque ninguém escolhe onde vai ser nascer, você escolhe onde vai viver.

Temos que evitar que a gente busque soluções pré-moldadas e implementemos soluções que não sejam as mais adequadas pra Manaus e depois a pessoa jogar o abacaxi aqui e ir embora.

O PCdoB entendeu que era necessário um movimento de renovação.

Exclusiva: Na sua avaliação, por que o PCdoB escolheu o senhor pra representar o partido nessa disputa eleitoral de 2020?

Marcelo Amil: O PCdoB fez uma escolha democrática. O primeiro partido da minha vida foi o PCdoB. Me filiei ao partido quando tinha 16,18 anos e militei bastante. Fui formado politicamente no PCdoB.

O meu certificado de aprovação na OAB ele tá no meu escritório em algum lugar mas não sei exatamente onde tá, mas o meu certificado de formação no curso do partido, em 2002, assinado pela minha vice, a professora Dora Brasil, tá bem guardadinho [e] exposto no meu home office lá que eu olho pra ele todo dia com muito carinho.

O partido me convidou a ser do então candidato a prefeito, que era o doutor Balieiro, infelizmente por questões de saúde ele não teve como prosseguir e também não foi automático. O partido abriu a discussão e houve uma votação.

Tenho consciência da grande tarefa que recebi. O PCdoB tem 98 anos de existência, O PCdoB é em número de filiados o maior partido do Amazonas.

O PCdoB entendeu que era necessário um movimento de renovação. Apresentar um quadro novo no processo político, mas um quadro que não estivesse dissociado dos valores que o partido historicamente defende e que principalmente estivesse preparado tecnicamente para os desafios que Manaus impõe. Felizmente me encaixei nesse perfil e vamos lá fazer o que for preciso pra mostrar pra Manaus que a gente pode ter uma cidade muito melhor.

Exclusiva: As pessoas comparam o senhor os candidatos majoritários anteriores do PCdoB como Vanessa Grazziotin, Eron Bezerra, a própria Lucia Antony. O que o senhor acha que na sua formação política o diferencia dos candidatos anteriores do partido? O senhor acha que a fórmula atual é a melhor para o partido?

Marcelo Amil: O processo histórico e social ele não é estanque. A Vanessa Grazziotin é um quadro fantástico, é um quadro nacional. Nosso presidente Eron Bezerra é um quadro fantástico, também um quadro nacional do partido, tal qual a ex-vereador Lúcia Antony. Receber essa responsabilidade eu sinto o peso disso. Eu tô ocupando um espaço que já foi ocupado por Vanessa, Eron e Lúcia então isso aumenta a minha responsabilidade. Quanto ao diálogo, quanto a interação. Os momentos são distintos. O discurso que o PCdoB tinha pro momento, em 1989, quando a Vanessa Grazziotin era vereadora e começou a exercer o seu mandato, ele era adequado aquilo que nós acreditamos, mas também ajustado ao momento que o mundo vivia.

Assim como foi a candidatura da senadora Vanessa em 2002, assim como foi a candidatura do nosso camarada Eron Bezerra em 2000 a prefeitura de Manaus, como foi a da Lúcia em 2018 ao governo do estado. Todos essas candidaturas tem alicerces sólidos.

O grande diferencial e que nós podemos sempre nos adequar. O PCdoB existe há tanto tempo porque ele consegue, apesar de ser um partido de quase 100 anos, ele consegue se renovar, se reinventar. Nós temos um movimento de juventude muito forte dentro do PCdoB no qual nos orgulhamos muito.

Em 2018 e até mesmo no golpe de 2017, Vanessa Grazziotin esteve firme defendendo valores. Pagou um preço muito alto por isso, mas pagou o preço mantendo sua cabeça erguida [e] mantendo sua dignidade.

Não queria virar um militante Peter Pan.

Exclusiva: Eu e outras pessoas que acompanham política não lembramos da sua presença nos movimentos de rua que o PCdoB costuma fazer parte. O senhor acha que representa bem esse partido neste sentido e que sua candidatura é realmente genuína do Partido Comunista do Brasil?

Marcelo Amil: Se fosse uma candidatura simplesmente pra marcar posição o meu nome seque teria sido aventado. Primeiro que eu nunca fui de simplesmente marcar posição, cumprir tabela ou café com leite. Sempre gostei de entrar e fazer a diferença. Não vejo muito sentido nisso. Tenho um exemplo…a camarada Vanessa, ela é um exemplo grandioso.

Em 2018 e até mesmo no golpe de 2017, ela esteve firme defendendo valores. Pagou um preço muito alto por isso, mas pagou o preço mantendo sua cabeça erguida [e] mantendo sua dignidade

Quanto à minha particularidade eu fui eleito presidente do grêmio da minha escola no ano 2000 ainda na época que já militava no PCdoB, fui eleito vice-presidente da União Municipal dos Estudantes quando militava no PCdoB, eu participei da ocupação da Câmara Municipal enquanto militante do PCdoB, eu participei das discussões do sistema de bilhetagem eletrônica ainda em sua implantação ainda militando pelo PCdoB. Depois eu dei um tempinho pra cuidar um pouco da minha vida, meu filho nasceu e hoje tem 18 anos. Me afastei um pouco de tudo e fui estudar.

Sempre tive uma premissa de que não queria virar um militante Peter Pan. De ter gente que tá com 40 anos fazendo movimento estudantil ainda. Não, eu queria ir além. Ainda que não estivesse filiado ao PCdoB eu participei efetivamente de atos em prol da sociedade. A Defensoria de Justiça Desportiva, por exemplo, é um trabalho honorífico, eu não sou remunerado para estar lá, mas estou com muito carinho e dedicação porque eu sei que tô atendendo ali pessoas que não teriam como ter uma defesa formal.

Exclusiva: Candidato a sua participação do debate quando o senhor tentava lá contrapor os seus adversários perguntando sobre o Jorge Teixeira e a Ponta Negra. Isso rendeu alguma coisa? Foi ruim essa estratégia?

Marcelo Amil: Aquele debate tinha uma especificidade que era um formato que não havia sido testado no Brasil e nós bolamos uma estratégia e qual era? Vamos fazer perguntas rápidas pra fazer os adversários gastarem o seu tempo e depois eu ter bastante tempo pra falar e funcionou. Sempre tive um minuto e pouco pra falar enquanto os adversários não podiam mais. Essa questão do Jorge Teixeira e Ponta Negra foi muito boa porque, colocou em debate, duas Manaus que existem.

De acordo com nota técnica do Ministério da Saúde 23% de Manaus tem acesso a saúde privada e 77% dependem exclusivamente do SUS. 18% de Manaus tem acesso a rede de agosto adequada e 82% de Manaus não tem. O IDH de acordo com o PNUD das Nações Unidas, o IDH do Vieiralves, da Ponta Negra o Nossa Senhora das Graças é similar ao da Noruega. Já o IDH do Jorge Teixeira, São José e Grande Vitória é similar ao da Bolívia. Existem diferenças gritantes.

Ora, se a Ponta Negra que está no distrito de saúde Oeste tem 6 mil moradores e duas policlínica pra atender, ela requer uma atenção, mas onde precisa necessariamente de obras e de construção é no Jorge Teixeira que tá no distrito de saúde Oeste, que tem cerca de 580 mil manauaras pra uma policlínica e 20 UBS. As realidades não são as mesmas.

Rosiene Carvalho: Quantas etapas tem o Jorge Teixeira e que tipo de problema é pior além da saúde nesse bairro da cidade?

Marcelo Amil: Se você for avaliar em números ele é a terceira maior cidade do Amazonas. Depois de Manaus temos Parintins com 112 mil habitantes e o Jorge Teixeira sozinho tem 133 mil. Ele tem só quatro etapas e os problemas são inúmeros. Você tem lá muitas ruas esburacadas. Tem ruas as que dão acesso principalmente naquelas que dão acesso ao Brasileirinho, no trecho que faz fronteira com o Coliseu. Você tem situações ali por exemplo, esgoto é impensável nesse momento. O asfalto não chegou. Tem uma UBS que fica na antiga rua sete de setembro, que foi reinaugurada agora, mas mesmo assim já vive superlotada. Conhecer a realidade é fundamental e o Jorge Teixeira tem quatro etapas.

Exclusiva: Suas considerações finais

Marcelo Amil: Agradeço quem me ouviu e peço, procure conhecer um pouco mais o Marcelo Amil, esse rapaz que tá falando com você, esse advogado. Fui um garoto que vendia bala de mangarataia na rua. Um adolescente que era office-boy. Sou alguém que foi pai e resolveu cuidar de sua família e hoje tá aqui tentando oferecer oportunidades.

Oportunidades mudam a vida das pessoas e mudaram a minha. Entre no meu Facebook; Marcelo Amil, entra no Instagram; Marcelo Amil, procura no Twitter; Marcelo Amil, procura meu site; marceloamil.com.br. Veja que nós podemos sim ter uma vida melhor. Vamos estudar, vamos trabalhar e o poder público tem o dever de ajudar nisso. Muito obrigado a BandNews e que Deus abençoe Manaus.