Veio do Acre a melhor defesa da ZFM na reunião com Bolsonaro e Paulo Guedes

Governador do Acre, Gladson Cameli, governador do Amazonas, Wilson Lima, e presidente da República Jair Bolsonaro. Foto: Wilson Lima - Divulgação Facebook

O governador do Acre, Gladson Cameli (PP), fez a melhor defesa do ZFM (Zona Franca de Manaus), na reunião do CAS (Conselho Administrativo da Suframa) desta quinta-feira, dia 25, na presença do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), e do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Gladson Cameli falou sobre cobranças injustas em relação aos benefícios fiscais em comparação a outros estados e da importância do modelo para a região e para o País.

Durante a abertura da reunião, discursaram, além de Cameli, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), o superintendente da Suframa, Coronel Alfredo Menezes, o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade (Sepec), Carlos Costa, o ministro da Economia,
Paulo Guedes e o presidente da República Jair Bolsonaro (PSL).

Veja neste link o discurso completo do governador do Acre:

Publicado por RosieneCarvalho em Sexta-feira, 26 de julho de 2019

Isolamento histórico

Ao iniciar sua fala, Cameli chamou a atenção do presidente para a condição geográfica e social da região Norte: “historicamente a mais isolada” no contexto geográfico, social, tecnológico e político.

Gladson Cameli disse que o Ministério de Ciência e Tecnologia, assim como o Ministério da Economia devem entender a região Norte “inserida num projeto de País”.

“E um Pais só se solidifica quando diminui suas diferenças e propõe que o desenvolvimento seja partilhado por todos (…) Não estamos aqui para pedir benefícios ou privilégios. Pelo contrário, estamos habituados aos sacrifícios, muitas vezes para satisfazer discursos vazios criados em gabinetes confortáveis ao redor do mundo. Abrimos mão de utilizar nossos recursos naturais, que poderiam minimizar o sofrimento de uma população que ainda carece de cuidados básicos”.

Benefícios fiscais não são privilégios

O governador do Acre afirmou que, neste contexto, era preciso esclarecer pontos sobre a ZFM e destacou que “ela não desfruta de vantagem nenhuma em desfavor dos outros Estados”.

Ele argumentou que a cada real investido na ZFM, o valor retorna em renda para a região acima do que se investiu. Disse ainda que “não se justificam quaisquer barreiras” à Zona Franca porque a região Norte equivale a 8,5% dos “gastos nacionais tributários” e que o sudeste consome mais de 50% dos recursos.

“A ZFM não é apenas de Manaus. Ela é do Brasil (…) A ZFM não desfruta de vantagem nenhuma em desfavor dos outros membros da federação. Pelo contrário, inúmeros são os paulistas, cariocas, paranaenses, mato-grossenses, cearenses que encontram aqui na região Norte a oportunidade de vida que vos foi negada nos seus estados de origem. Que a visita do senhor, presidente, represente um fortalecimento da relação da nossa região com o governo federal”, declarou.

Paulo Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, tentou acenar positivamente para a a ZFM, mas seu discurso não foi contundente a ponto de deixar quem o ouviu convencido de que o modelo sairá do alvo da equipe econômica contrária a áreas de subsídio fiscal.

“Nós como bons brasileiros não vamos derrubar nada que é bom para o Brasil. Temos que construir alternativas melhores para todas as regiões”, declarou.

O discurso dele se concentrou mais em falar das alternativas que a região representa dentro do contexto natural e de sua “vocação”. Não ficou fora do discurso do ministro as críticas às isenções fiscais. De forma indireta, ele reprovou este tipo de benefício a partir de um exemplo de São Paulo.

“O ideal é que o Brasil todo fosse uma enorme ZFM, que os impostos fossem baixos e que nós fôssemos uma economia de mercado realmente”, disse.

O aceno positivo veio sem um compromisso direto e técnico, como costumam ser os ataques à segurança do modelo ZFM. Guedes usou tom diferente das palavras do presidente Jair Bolsonaro.

“Nós como bons brasileiros não vamos derrubar nada que é bom para o Brasil. Temos que construir alternativas melhores para todas as regiões (…)A certeza, que vocês podem ter, é que vão se preservar as forças das regiões brasileiras, vamos adicionar futuros possíveis, mas não vamos atingir a essência e o coração da economia das regiões brasileiras e principalmente dessa região”, declarou o ministro Paulo Guedes.

Fez falta

O senador e coordenador da bancada do Amazonas no Congresso Nacional, Omar Aziz (PSD), fez falta na reunião do CAS. Omar tem sido protagonista de uma voz firme em defesa dos interesses da ZFM no Congresso e tem como perfil uma fala mais dura e clara sobre seus convencimentos e bandeiras.

Sem esse contraponto, a agenda do presidente ocorreu como se nenhum dos ataques que o modelo ZFM sofreu no primeiro semestre tivesse ocorrido. Quem salvou a lavoura foi o governador do Acre.

A agenda do presidente ocorreu sete dias depois que o senador, sua esposa, três irmãos e funcionários do casal foram alvo da Operação Vertex, 5ª fase da Operação Maus Caminhos.

A reunião ocorreu dias depois do superintendente da Suframa dar declarações sobre a vinda do presidente e a relação com a bancada que foram desaprovadas por parlamentares do Amazonas.

Indicação política

O ministro Paulo Guedes contou, durante a reunião, como foram os bastidores da escolha do atual superintendente da Suframa que se apresenta como um nome técnico na autarquia e não fruto de indicação política.

“Quando começou o governo, o presidente não me indicou ninguém., Um dia me chamou no gabinete dele e me apresentou o coronel Menezes. Foi a púnica pessoa que ele me indicou. Paulo, quero que você conheça alguém aqui. A região é importante e tem uma dimensão estratégica para o País”, contou.

Foto: Wilson Lima – Divulgação Facebook