
O secretário interino da Seduc (Secretaria de Estado de Educação), Luís Fabian, declarou que as escolas estaduais do Amazonas devem retomar atividades presenciais em meados de julho ou início de agosto, após análise dos resultados das primeiras fases do plano de reabertura do Governo do Amazonas.
A Seduc prevê aulas presenciais de forma híbrida, continuidade do uso da tecnologia para educação à distância e, entre os “grandes desafios” para a saúde emocional e física dos estudantes: o acolhimento de alunos, cujas famílias foram impactados pela pandemia, e a implantação de novos protocolos de higiene sem ‘toques”, característica cultural forte entre amazonenses.
Locais de aglomeração de crianças e adolescentes, as escolas viraram o foco da preocupação em vários países que retomaram as atividades após a suspensão das aulas como medida de controle da pandemia de coronavírus. Na rede estadual do Amazonas, segundo a Seduc, são 440 mil estudantes matriculados, sendo 220 mil na capital e a outra metade nos 61 municípios do interior.
“A ideia é que a gente possa, a partir daí (volta das escolas particulares em 6 de julho), fazer um plano de retorno para a rede pública entre meados de julho e início de agosto com todos os cuidados necessários”, declarou
Em entrevista esta semana ao programa Exclusiva da rádio BandNews Difusora (93.7), o secretário da Seduc fez uma avaliação sobre o ano letivo, os resultados da educação à distância no Amazonas, a relação com estudantes, professores e alunos e as possíveis metodologias para o retorno às aulas.
O secretário interino falou também sobre a evasão escolar virtual, a razão da falta de planejamento na Seduc para testagem em massa de professores para a covid-19, como defendem infectologistas, e o destaque das aulas do Centro de Mídias do Amazonas na educação de estudantes de outros estados brasileiros.
Secretário interino
Luís Fabian iniciou o Governo Wilson Lima como subsecretário de Luiz Castro, um dos principais apoiadores do governador quando a campanha dele ainda era desacreditada no meio político.
Com a saída de Luiz Castro, no final de setembro, o governo nomeou Vicente Nogueira para a Seduc e Fabian continuou como executivo, o que durou até início de fevereiro. Sem nomes para substituir uma das pastas mais cortejadas pela classe política, o governo anunciou Fabian como secretário interino.
Em seguida, o governo foi absorvido pela crise provocada pela pandemia na saúde e política. Fabian se mantém no cargo interino mesmo com o período de trocas iniciado após o processo de impeachment na ALE-AM.
Luís Fabian já subsecretário da Semed, com a secretária Kátia Helena Serafina Cruz Schweickardt, e foi executivo da Seduc na gestão tampão do ex-governador Amazonino Mendes (Podemos).
É bacharel e doutor em Direito.
Acompanhe a seguir a entrevista ou ouça no site da BandNews Difusora
“Não temos como garantir, de fato, que a aprendizagem tenha sido cem por cento eficaz, então, quando nós retornarmos às nossas atividades, a gente vai fazer uma avaliação diagnóstica desses alunos”
“O calendário escolar não está prejudicado“
Rosiene Carvalho (RC): Sobre o calendário escolar de 2020, qual o prejuízo? Este é um ano perdido?
Luís Fabian: Logo que suspendemos as aulas presenciais por conta da pandemia, nós propusemos ao Conselho Estadual de Educação a criação de um regime especial de aulas não presenciais, exatamente para garantir que outras estratégias pedagógicas pudessem ser contabilizadas como carga horária válida para garantir o ano letivo. Uma vez aprovado pelo Conselho de Educação, algumas medidas foram tomadas. Primeiro, o lançamento do programa Aula em Casa que atende, por meio da TV aberta, alunos da rede estadual dos diversos níveis de ensino, desde o ensino fundamental dos anos iniciais, até o ensino médio, obviamente a gente tem problema de acesso, ainda que pela TV aberta, em alguns municípios do interior do Estado.
De sorte que, no interior, os professores e as coordenações regionais de educação foram orientados a utilizar outras estratégicas por meio de apostilas a serem entregues pelos professores aos alunos, de forma a garantir que o conteúdo seja ministrado.
Nós não temos como garantir, de fato, que a aprendizagem tenha sido cem por cento eficaz, então, quando nós retornarmos às nossas atividades, a gente vai fazer uma avaliação diagnóstica desses alunos para identificar o nível de aprendizagem e a partir daí um plano de recuperação ao reforço dos conteúdos ministrados para que a gente possa seguir.
Então, o calendário escolar não está prejudicado, a gente segue com o calendário escolar fazendo reposição dos assuntos ministrados quando não tiver sido aferida a aprendizagem.
“A educação ganhou neste período: a predisposição dos professores em aceitar o uso de plataformas tecnológicas e os alunos também passaram a desenvolver mais autonomia nesse período”
“É a educação do futuro, a educação que foca em desenvolvimento de habilidades que sejam importantes para o futuro dos alunos para viabilizar a aquisição do conhecimento de forma mais autônoma (…) É um processo muito relevante que eu imagino que, sem esse cenário de pandemia, dificilmente a gente conseguiria desenvolver num espaço tão curto de tempo.”
RC: É possível avaliar que as crianças não terão o mesmo conteúdo que em ano normais? Ou é cedo para avaliar?
Luís Fabian: Eu acho que quando a gente fizer as avaliações diagnósticas vamos ter uma informação mais precisa. Mas algo muito importante que a educação ganhou nesse período foi, primeiro, a predisposição dos professores em aceitar o uso de plataformas tecnológicas, ensino à distância, como algo válido. Mais que isso: os alunos também passaram a desenvolver mais autonomia nesse período. Então, a gente desenvolve alguma habilidade muito importante, que é a habilidade da autonomia que os permite buscar conteúdos, passar a enxergar a aquisição de conteúdos de forma inovadora. Essa é a educação do futuro, a educação que foca em desenvolvimento de habilidades que sejam importantes para o futuro dos alunos para viabilizar a aquisição do conhecimento de forma mais autônoma.
É um processo muito relevante que eu imagino que, sem esse cenário de pandemia, dificilmente a gente conseguiria desenvolver num espaço tão curto de tempo.
Há prejuízo, mas há também ganhos e o ganho está no desenvolvimento de habilidade para os nossos alunos que são habilidades de solucionar problema, de usar tecnologia, habilidade de ser criativo, de ser colaborativo, essas habilidades e competências que os alunos tiveram que desenvolver nesse momento e que tiveram de ser muito criativos para acessar os conteúdos.
RC: Essa tecnologia já estava a favor do Amazonas em função das distâncias geográficas. Mas as aulas eram disponibilizadas em determinados locais com aglomeração de pessoas, o que não foi possível nesse momento. A Seduc tem levantamento de quantos estudantes não têm acesso à TV e internet?
Luís Fabian: Os dados do último censo do IBGE apontaram que 97% de todas as casas no nosso Estado tem acesso à TV aberta. A mera análise desses dados nos permitiria pelo menos, a priori, entender que há quase uma universalização da oferta, mas a gente sabe que há alguns casos em que há duas crianças na mesma casa, que tem só uma televisão e haveria prejuízo se as aulas fossem ministradas para as duas séries no mesmo horário. Uma das crianças não poderia assistir.
É por isso que nesse período os professores não estiveram de férias. Eles tiveram acesso aos alunos e atuaram no engajamento necessário para saber as dificuldades e promover a oferta de estratégicas diferenciadas, quando o cenário assim o exigisse. Mas não temos esses dados concatenados, principalmente os do interior.
Temos da capital pela facilidade de coleta de dados. Na capital, a gente tem a participação variando de 70 a 85% dos alunos. Esses dados guardam compatibilidade com a frequência presencial dos alunos que sempre varia de 70 a 85% .
RC: A evasão escolar
Luís Fabian: A gente tem o abandono, a infrequência do aluno, transferência, uma série de situações que reduzem essa participação. A gente vê com bons olhos esse resultado de participação da capital, mas ainda não temos os dados do interior.
RC: No caso das aulas presenciais não retornarem, o programa de merenda nas casas vai ser mantido?
Luís Fabian:A gente precisa, a partir de uma premissa, que é a formatação do programa pelo Governo Federal e o que esse programa representa em termos financeiros. O Governo Federal repassa 0,39 reais por aluno por dia para aquisição de merenda escolar. Valor extremamente baixo, a gente não consegue alimentar um aluno. Nós tivemos que fazer um grande aporte de recursos do Estado para aquisição dos kit de merenda escolar que foram entregues. Eventualmente, caso haja necessidade e as aulas não voltem, a gente vai ter que estender esse programa, mas com um esforço muito grande de adequar e readequar nossas rubricas orçamentárias.
RC: Voltando a essas aulas de internet…nesses locais onde não houve o acesso, a retomada do ano letivo pode acontecer de forma diferente?
Luís Fabian: Nos locais em que a gente entender pela avaliação diagnóstica, que o aproveitamento foi abaixo do satisfatório, provavelmente vamos imaginar calendários especiais para essas localidades, mas isso em localidades mais longínquas onde os alunos, além de não terem tido acesso à TV ou a internet, tiveram acesso dificultado ao material impresso disponibilizado pela Seduc.
RC: Há uma estimativa para a retomada das aulas presenciais?
Luís Fabian: Pelo plano publicado, as escolas da rede privada retornarão no dia 6 de julho. Mas, caso haja modificação no comportamento dos índices de contágios, essa data poderá ser revista. A ideia é que a gente possa, a partir daí, fazer um plano de retorno para a rede pública entre meados de julho e início de agosto com todos os cuidados necessários. A gente tem que pensar na parte pedagógica, a gente vai fazer avaliação diagnóstica do aluno, um plano de reposição e recuperação dos conteúdos. Esses alunos não poderão voltar todos ao mesmo tempo. Esse retorno deve ser escalonado por nível de ensino, a gente pensa num retorno híbrido. Ou seja, não dá para ter 40 alunos na mesma sala, porque não estaremos respeitando as regras do isolamento do espaçamento físico. A gente pensa em fazer o retorno em dois grupos. E teremos aula em casa alguns dias na semana e aula presencial em outros dias na semana, pelo menos até a situação se estabilizar e a gente finalizar o segundo bimestre. E eu imagino que no terceiro bimestre a situação estará totalmente fechada.
“O EAD é um caminho sem volta”
RC: A educação à distância vai continuar, então …
Luís Fabian: O EAD é um caminho sem volta, acho que os canais que a gente abriu agora não recuam mais e continuarão sendo usados para formação de professores, pra preparação de exames de ingresso nas universidades, tipo Enem e PSC, etc. É um instrumento que se mostrou muito eficaz e a gente não abandona mais.
“Nada substitui a ação do professor em sala de aula. Em educação, a gente pode abrir mão de qualquer coisa, menos da ação do professor.”
“Nesse momento a gente percebeu a família se reaproximando da vida escolar do aluno e passando a ver o uso das plataformas digitais ou TV aberta como algo favorável. Penso que agora a gente conseguiu criar um cenário que reúne todas as condições necessárias para que a educação à distância fique como solução complementar para reforço escolar, atividades culturais, ensino de línguas …”
RC: Qual a avaliação do senhor e dos educadores…. o que é empolgante e o que é frustrante nessa experiência? Se ela fica mesmo, há um consenso na gestão de que o ensino presencial é ainda o melhor ou pode funcionar melhor com essa dinâmica?
Luís Fabian: Na verdade, nada substitui a ação do professor em sala de aula. Em educação, a gente pode abrir mão de qualquer coisa, menos da ação do professor. É evidente que não havendo nada que substitua a ação do professor, as aulas presenciais são sempre a melhor solução, mas não podemos deixar de considerar as opções tecnológicas disponíveis e que já se mostram eficazes no mundo inteiro.
Eu penso que a solução híbrida é a que deve permanecer e eu vejo nesse momento de pandemia algumas oportunidades que foram criadas. Primeiro, a predisposição dos professores em relação ao uso da tecnologia. Os professores, que antes eventualmente fossem avessos ao uso da tecnologia, ou a metodologias de ensino a distância, hoje já enxergam essa questão de outra forma e os alunos já estão mais predispostos.
A terceira oportunidade é o reposicionamento da família. Nesse momento a gente percebeu a família se reaproximando da vida escolar do aluno e passando a ver o uso das plataformas digitais ou até da TV aberta, como educação à distância como algo favorável. Eu penso que agora a gente conseguiu criar um cenário que reúne todas as condições necessárias para que a educação à distância fique como solução complementar pra reforço escolar, para a formação de professores, para preparação de exames, para atividades paradidáticas, para atividades culturais, para ensino de línguas, para uma série de outras questões que podem ser oferecidas pela rede, mas que não se oferece por falta de espaço físico para isso.
RC: A quantidade de profissional preparado para atender todo o estado também é uma dificuldade?
Luís Fabian: E aí a gente consegue, no Centro de Mídias, com um professor dando uma aula atingir um número enorme de alunos em sala de aula.
RC: E pode trazer mais qualidade ao conteúdo?
Luís Fabian: Não há dúvida, porque as aulas produzidas pelo Centro de Mídia usam recursos áudio visuais muito interessantes. O Centro de Mídias funciona como um grande canal de televisão. A gente tem mais de cem profissionais, nove estúdios. O professor prepara o seu plano de aula. Esse plano de aula é transformado num roteiro de programa televisivo. Há toda uma equipe de produção que vai produzir os vídeos, os áudios, as vinhetas, as imagens, as cartelas e, quando tudo isso está aprovado, o professor vai para o estúdio e filma a sua aula. Esse material é extremamente valoroso para nós e é um material permanente. Você imagina, se eu criar aula para ensino de línguas estrangeiras, por exemplo, essas aulas são atemporais, permanecem no nosso acervo e disponíveis, a gente só precisa que os alunos se engajem no interesse pelo acesso a essas aulas.
“O material elaborado para as nossas aulas é de qualidade tão elevada que escolas de outras regiões do país tiveram interesse em compartilhar. Para você ter uma ideia, hoje parte das aulas assistidas por alunos da rede estadual de São Paulo são aulas produzidas aqui pelos profissionais daqui do Amazonas.”
RC: Alguma unidade particular chegou a utilizar as aulas online da Seduc?
Luís Fabian: – Na verdade, boa parte dos alunos da rede particular tiveram acesso e assistiram, mas a medida não foi oficializada pelas escolas. Podemos colocar que o material elaborado para as nossas aulas é de qualidade tão elevada que escolas de outras regiões do país tiveram interesse em compartilhar.
Para você ter uma ideia, hoje parte das aulas assistidas por alunos da rede estadual de São Paulo são aulas produzidas aqui pelos profissionais daqui do Amazonas. A gente colocou em Sergipe, Pernambuco, São Paulo, Espírito Santo, alguns municípios do Rio de Janeiro, como Teresópolis. Em resumo, mais de cinco milhões de alunos no Brasil estão assistindo aulas do Aula em Casa.
‘Nossos alunos precisam ser educados para seguir as regras dessa etiqueta”
RC: Secretário, o senhor falou sobre como se dará esse planejamento para o retorno das aulas. Há algum comitê com epidemiologistas, com técnicos de órgãos sanitários que passem informações detalhadas para a Seduc de como deve ser esse protocolo de retorno nas escolas: distância, limpeza de ar-condicionado, das mãos, testagem de professores e funcionários…
Luís Fabian: Na verdade, todos os protocolos de saúde são definidos pelas autoridades de vigilância em saúde. O que temos hoje estabelecido pelas autoridades de vigilância em saúde é que a gente mantenha o afastamento, preferencialmente, de um metro e meio entre alunos e isso a gente consegue com a divisão das turmas em dois grupos; que os alunos usem máscaras e a gente vai providenciar para o retorno a distribuição de máscaras; que a gente disponibilize locais para limpeza ou lavagem das mãos e a gente vai ter pias instaladas nas portas das escolas, e a gente vai ter totens com álcool em gel disponíveis nas escolas.
E há toda uma campanha que a gente vai ter que desenvolver, principalmente com os alunos de menor idade para o uso adequado desses EPIs e mais do que isso, para o estabelecimento da nova etiqueta que se estabelece agora no mundo. Ou seja, os nossos alunos precisam ser educados para seguir as regras dessa etiqueta.
Esse é um desafio extremamente pesado para gente da educação porque é a transformação de uma cultura, de comportamentos que são intrínsecos do brasileiro: o toque é um comportamento intrínseco ao povo latina. Então, é necessária uma grande campanha de conscientização a ser realizada dentro das escolas
A gente vai trabalhar uma formação específica para os professores para que esse acolhimento das crianças (…) A gente tem que olhar com muito carinho para a saúde emocional dessas crianças e também dos professores. São crianças que estão voltando para a escola e que tiveram perdas nas suas famílias, sejam óbitos por covid, ou perda de emprego nas suas famílias. Essas crianças estão muito debilitadas, então a escola é um porto seguro.
RC: Secretário, eu entrevistei o diretor-presidente da FMT, Marcus Guerra. Ele falou da preocupação com o retorno das aulas presenciais, porque o maior perigo de infecção está nas escolas, dificuldade de controlar as crianças e adolescentes, ansiosas para o reencontro com amigos …
Luís Fabian: Esse é um desafio extremamente pesado para gente da educação porque é a transformação de uma cultura, de comportamentos que são intrínsecos do brasileiro: o toque é um comportamento intrínseco ao povo latina. Então, é necessária uma grande campanha de conscientização a ser realizada dentro das escolas e isso vai ser feito com o apoio da Fundação de Vigilância em Saúde, mas antes disso a formação dos professores para esse desafio. A gente precisa olhar que mais importante que o conteúdo está a prevenção, o cuidado com a vida e a preparação desses seres humanos em formação para o novo normal.
Então, a gente tem que olhar com muito carinho para a saúde emocional dessas crianças e também dos professores. São crianças que estão voltando para a escola e que tiveram perdas nas suas famílias, sejam óbitos por Covid, ou perda de emprego nas suas famílias. Essas crianças estão muito debilitadas, então a escola é um porto seguro, então a gente vai trabalhar uma formação específica para os professores para que esse acolhimento das crianças possa realmente sensibilizá-las para uma atenção extra, a gente vai ter que fazer um papel diferente não só de transformação pelo conteúdo, mas de sensibilização das crianças no sentido de tentar moldá-las para um novo comportamento. É um desafio que a gente está disposto e enfrentar.
RC: Em outros locais do mundo quando essa retomada aconteceu o governo suspendeu novamente…
Luís Fabian: Na verdade, essa é a grande dificuldade de se estabelecer uma data nesse momento porque a gente não sabe como os números vão se comportar. A gente está trabalhando com cenários possíveis de retorno e esses cenários podem ser revistos a qualquer tempo e mesmo assim, reiniciadas as atividades presenciais verificando-se que há necessidade de suspendê-las novamente, a gente vai suspender, porque a prioridade é garantir o bem estar e a saúde dos nossos profissionais e de nossos alunos.
A gente precisa de alguma forma viabilizar a atividade das escolas particulares, a atividade das escolas particulares é uma atividade comercial, sob pena de escolas menores terem que fechar as portas. Elas precisam o quanto antes retornar suas atividades, agora, obviamente, tomando-se todos os cuidados relativos ao bem estar das crianças.
RC: Sobre o retorno das aulas das escolas particulares que representam um número menor, mas a mesma dinâmica da aglomeração… ela é estratégica para que se possa observar bem as consequências deste retorno?
Luís Fabian: Eu penso que há duas questões relevantes. Primeiro, a gente conseguiu, na Seduc, garantir uma solução de continuidade das aulas por meio do Aula em Casa que ela é praticamente universal, pelo menos na capital do Estado. E boa parte das escolas particulares não conseguiram se estruturar para isso, como você bem disse, a gente tem um Centro de Mídia que existe há 13 anos na Seduc e que tem toda uma expertise no sentido de promover aulas mediadas por tecnologia.
A gente adaptou esse projeto do Centro de Mídias para isso. Os alunos estão bem mais atendidos sob o ponto de vista da transmissão de aulas.
Acho que a segunda grande razão tem a ver com economia. A gente precisa de alguma forma viabilizar a atividade das escolas particulares, a atividade das escolas particulares é uma atividade comercial, sob pena de escolas menores terem que fechar as portas. Elas precisam o quanto antes retornar suas atividades, agora, obviamente, tomando-se todos os cuidados relativos ao bem estar das crianças.
RC: Que orientação a Seduc está dando e que observação a Seduc fará quanto ao retorno desses alunos de escolas particulares em meio à pandemia?
Luís Fabian: Na verdade, o Conselho Estadual de Educação e não a Seduc, ao estabelecer o regime especial de aulas não presenciais, o fez não só para as redes públicas mas para as privadas também. A partir daí, todo o sistema público de educação foi posto à disposição de toda a rede privada, inclusive para disponibilizar as aulas do Aula em Casa. Então, não cabe à Seduc organizar e imiscuir nas questões das escolas, mas pode orientar essas escolas quanto ao uso do material do Aula em Casa e todas as nossas formações e campanhas que também vão ser ministradas por meio da TV aberta.
A Seduc não tem a competência de regular o funcionamento dessas escolas e o atendimento desses protocolos de saúde, mas as autoridades de vigilância em saúde o tem e certamente o farão.
RC: E, em relação à segurança da saúde dos estudantes e familiares, que erá consequência para o Estado se as crianças virarem vetores?
Luís Fabian: Nesse caso, em relação às escolas particulares, a gente precisa seguir também as orientações das autoridades de saúde, a Seduc não tem a competência de regular o funcionamento dessas escolas e o atendimento desses protocolos de saúde, mas as autoridades de vigilância em saúde o tem e certamente o farão.
Obviamente, se nós percebermos qualquer necessidade de intervenção do Conselho Estadual de Educação o faremos para garantir o bem estar de todos.
Nós não temos a pretensão de fazer uma testagem ampla de professores
“Acho que as autoridades de Vigilância em Saúde estejam olhando para isso. A Seduc sequer tem recursos para a aquisição desses testes rápidos porque esses recursos não são próprios da educação e sim da área de saúde.”
RC: Há um planejamento de testagem dos professores e funcionários da educação nas escolas antes da retomada das aulas da rede estadual?
Luís Fabian: Nós não temos a pretensão de fazer uma testagem ampla de professores da rede pública porque os testes já estão sendo disponibilizados pela rede pública de saúde mediante requisição médica, então não há necessidade de nós desenvolvermos um projeto paralelo.
RC: Em entrevista à rádio BandNews Difusora, o presidente da FMT defendeu a testagem dos profissionais da educação para um retorno às com maior controle e segurança para o estado.
Luís Fabian: Repito que essa não é uma atividade que deva ser conduzida pela Seduc, acho que as autoridades de Vigilância em Saúde estejam olhando para isso e talvez tenham uma proposição diferenciada para a educação, mas por parte da Secretaria de Educação nós sequer temos recursos para a aquisição desses testes rápidos porque esses recursos não são próprios da educação e sim da área de saúde.
“A educação é prioridade tão grande que não pode ficar subordinada ou submetida a projetos circunstanciais. O governador tem nos dado todo o apoio necessário para implementação de políticas permanentes”
RC: Na última reunião de governo com os secretários, o governador apresentou as prioridades, mas não entendi porque a educação não entrou. Educação não é prioridade?
Luís Fabian: A educação é prioridade tão grande que não pode ficar subordinada ou submetida a projetos circunstanciais. O governador tem nos dado todo o apoio necessário para que a gente possa implementar políticas que sejam permanentes, políticas de melhoria da qualidade e não projetos que tenham início, meio e fim. Nós temos discutido amiúde essas ações para redefinir políticas de educação do Estado com o governador e eu penso que elas serão muito eficazes na elevação dos nossos índices de qualidade.
RC: O senhor pode fazer suas considerações finais.
Luís Fabian: Eu acho que esse momento, embora tenha sido caótico, momento de tristeza para o Amazonas e para o mundo, algumas oportunidades surgiram a partir dessa pandemia. Para a educação as oportunidades são inúmeras: oportunidade de uso da tecnologia para aulas mediadas à distância, isso é um caminho sem volta. Temos alunos mais preparados para receber esse tipo de formação, professores mais preparados para darem esse tipo de formação e famílias que estão de braços abertos para receber esse tipo de abordagem. E essa é uma grande oportunidade para desenvolvermos programas e projetos para a educação utilizando e aproveitando essa oportunidade que foi posta.