Walter Cruz acusa Omar e Braga de perseguição ao nome dele no Incra

Foto: Walter Cruz - redes sociais

Após voo de galinha à Superintendência do Incra ( Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no Amazonas, o coronel da reserva da PM-AM (Polícia Militar do Amazonas) acusou os senadores Omar Aziz (PSD) e Eduardo Braga (MDB) de liderarem a bancada do estado para derrubar a nomeação dele ao cargo do Governo Federal no Amazonas.

“Nenhum deles está olhando o Estado do Amazonas e sim questões pessoais. Fico triste. É feio indicar pelo currículo ou é feio indicar pela política do toma lá dá cá dos deputados e senadores? Essa política ninguém quer mais”, declarou.

Questionado se considerava que tinha preparação técnica para atuar no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Cruz respondeu:

“Estava estudando sobre a questão da política fundiária. Essa questão…. o senador João Pedro não foi nomeado para o Incra? Outros não estão em vários órgãos e não tem essa especificidade? Tem que saber montar equipe, trabalhar com tecnologia e integração”.

Com orçamento anual em torno de R$ 170 milhões, o Incra é um órgão do Governo Federal que mantém grande proximidade com a maioria dos prefeitos do interior do Amazonas. O salário de superintendente é de cerca de R$ 10 mil, segundo Cruz.

Omar Aziz

Cruz disse que Omar Aziz agiu nos bastidores para derrubar o nome dele em função de divergências políticas com o ex-governador Amazonino Mendes (sem partido).

“O doutor Omar fala para todo mundo que eu não poderia estar lá porque eu sou aliado do Amazonino. É isso? E onde anda minha competência, que ele conhece? Onde a minha capacidade técnica, que ele conhece? Onde está o espírito público, que eu gostaria que ele tivesse. Se ele me dissesse que tem um nome mais preparado que o meu. Mas ficar rindo, bebendo uísque e caçoando de mim. Vivemos num País que não aceita mais isso”, declarou o coronel.

Eduardo Braga

Para Walter Cruz, o senador Eduardo Braga também cooperou para a sua “desnomeação” relâmpago.

“Ele (senador Eduardo Braga) fez essa maldade comigo junto com o senador Omar Aziz. Já votei nos dois. Não estou cobrando. Acho que até a Lava-jato, eles tinham condições de representar o Amazonas. Haverá o momento que a Lava-Jato vai mostrar quem é quem. Falta aos dois espírito público para reconhecer os valores na terra”, declarou.

Crivo no Governo Federal x Crivo da bancada federal

O coronel Walter Cruz disse o nome dele passou por “rigorosa” avaliação do Governo Federal com a finalidade de verificar se estava no perfil definido pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL). Cruz disse que outros quatro nomes haviam sido rejeitados para o Incra no Amazonas, antes do dele.

Ao longo de quatro meses, segundo o coronel, até as redes sociais dele foram vasculhadas e apoios foram manifestados por parte dos deputados federais Átila Lins (PP) e Delegado Pablo (PSL). Átila Lins comanda o PP-AM, que andou namorando a filiação do ex-governador Amazonino Mendes.

Quando foi nomeado, Cruz disse que enviou mensagens para todos os parlamentares da bancada, menos o deputado do PT José Ricardo. Disse que não tinha o número do telefone do petista.

Print de mensagem ao senador Omar Aziz, enviada ao blog pelo coronel Walter Cruz

Amazonino Mendes

Walter Cruz disse que tentou falar com os dois senadores antes de ser exonerado, mas que ambos “viraram as costas para ele”.

“O doutor Omar Aziz vive falando que tem problema com o Amazonino. O que eu tenho a ver com isso? Está transferindo a raiva que tem do Amazonino para mim (…) Coisa de ciúme, ciúme de homem é coisa difícil”, declarou.

O coronel disse que trabalhou com todos os políticos que derrubaram a nomeação dele. “Sempre dei apoio, sendo leal, sem ser capacho ou corrupto. Imaginei que iam ficar felizes, porque sou amazonense”, disse.

Cruz citou que foi comandante na Zona Leste no Governo Braga, diretor do Manaustrans na última gestão de Amazonino Mendes na Prefeitura de Manais, da Arsam no governo tampão de Amazonino.

Cruz disse que no Governo Omar, após terminar um curso, se apresentou para cooperar com a administração e teve o nome rejeitado.

“Não quis. Preferiu o Coronel Eliezer, que foi afastado por corrupção, lembra? Eu fui me candidatar porque não aceitava o que estavam fazendo na PM. E concorri ao lado de Braga”.

Sobre Amazonino Mendes, Cruz disse que o ex-governador ligou para ele para prestar solidariedade e lamentar a perseguição política. “Ele (Amazonino) não tem culpa”, disse.

Melo, Cabo Maciel e Platiny

Ele afirmou que após problemas no Governo José Melo, incluindo a crise no sistema prisional em 2017, foi procurado para cooperar no comando da PM-AM.

“Fui subcomandante do coronel David Brandão. Falei ao governador Melo que tinha que afastar o Cabo Maciel e Platiny: dois cânceres na segurança pública que interferiam na administração. Isso é sempre um problema. O governador Melo cumpriu a palavra. Passou a trabalhar as promoções, mas foi cassado”, disse.

David Almeida, Alberto Neto e Bosco Saraiva

No governo interino de David Almeida, Cruz disse que foi afastado do cargo porque consideraram que ele era aliado de Amazonino. Ele lembrou também que pediu votos para o deputado federal Bosco Saraiva em 2018 e que, em 2017, puniu o capitão da PM-AM Alberto Neto (PHS) porque ele, de forma irregular, filmava ações policiais para postar nas redes sociais.

“Por isso ele é chateado comigo”, disse.

Outro lado

A assessoria de comunicação do senador Omar Aziz informou que “não há chance” do presidente da bancada comentar as declarações de Walter Cruz.

A assessoria de comunicação do senador Eduardo Braga foi procurada e informou que iria avaliar sobre a resposta às declarações de Walter Cruz.

David Almeida disse que não tem nada contra Walter Cruz e o vê como um bom quadro da PM-AM, mas quando assumiu tinha um nome da sua confiança para nomear. “É um direito do gestor. É cargo de confiança”, disse.

Bosco Saraiva também disse que não ia comentar. O deputado federal Alberto Neto, o deputado estadual Cabo Maciel e o ex-deputado Platiny foram procurado e não atenderam a ligação.

Foto: Walter Cruz – redes sociais