
Cerca de três meses após o governador e ex-apresentador de TV, Wilson Lima (PSC), classificar como “exagero da mídia” a repercussão internacional sobre o desmatamento na Amazônia, o Governo Federal divulga que o Amazonas devastou em 2019 a maior área de floresta em 15 anos.
De acordo com os dados divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), nesta segunda-feira, dia 18, com base numa análise preliminar do sistema Prodes, o Amazonas registra taxa de desmatamento de 1.421 quilômetros quadrados em 2019.
O maior registro desde 2004 representa quase três vezes toda a área urbana de Manaus, que, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Gegrafia e Estatística), é de 483 quilômetros quadrados.
Amazonas desmatou três Manaus
Portanto, isso significa dizer que o Estado do Amazonas devastou o equivalente a quase três vezes a área urbana de Manaus, entre agosto de 2018 e julho deste ano. Mais da metade deste período na gestão de Wilson Lima no Governo do Estado.
Os números do Inpe apontam para um aumento de 36% em comparação ao registro do alcance do desmatamento divulgado em 2018, que foi de 1.045 quilômetros quadrados. O percentual fica acima da média da mesma comparação em relação aos outros estados da Amazônia Legal, que é de 30%.
No ranking entre os que mais desmataram, segundo o Prodes, o Estado do Amazonas ficou em terceiro lugar, atrás do Pará e do Mato Grosso.
Na comparação da taxa de desmatamento de um ano para o outro, 2019 registrou a segunda maior subida do desmatamento dos últimos 15 anos no estado.
Entre 2015 e 2016 – Governo José Melo – a subida foi de 417 quilômetros quadrados. Entre o ano passado e este, a subida foi de 376 quilômetros quadrados.
No entanto, em nenhum dos anos anteriores, a área devastada foi tão grande. Em 2015, a taxa de desmatamento foi de 712 quilômetros quadrados. Em 2016, foi de 1.129. Este ano o registro foi a 1..421 quilômetros quadrados.
Governo do Amazonas
O Governo do Estado do Amazonas emitiu uma nota ontem enviada à mídia informando que reconhecia o aumento no desmatamento no Amazonas, “mas reforça que o total de área desmatada equivale a 0,09% da área total do Estado”.
Na nota, o governo se apega nas comparações do percentual de aumento de desmatamento entre 2018 e 2019 com os demais Estados, mesmo os com menor área desmatada, para destacar que ficou em 4ª lugar no ranking.
Na sequência da nota, o governo indica que 91% do desmatamento no Amazonas está concentrado em municípios do sul do estado., que “vem sofrendo grande pressão da expansão da fronteira agrícola de outros estados da região”.
O Governo informa que 40% do desmatamento total do estado se concentra em áreas federais e aponta as de projetos de assentamento do Incra como a maior concentração dos registros de desmate: 34%.
Com base nisso e na conservação das unidades de gestão exclusiva do Governo do Estado, que indica representar 0,32% do desmatamento total, o Governo considera “exitosa” sua ‘estratégia” de combate ao desmatamento.
No início de agosto, o Amazonas decretou situação de emergência em função de queimadas e do que chamou de “impacto negativo do desmatamento” na região metropolitana de Manaus e no sul do estado.
Logo depois, em entrevistas à mídia nacional, seguindo o discurso adotado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, o governador do Amazonas declarou que a mídia internacional “exagerava” na cobertura sobre as queimadas no País.