Wilson Lima ignorou as pautas negativas que seu governo enfrentou em 2019

A mensagem do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), lida na abertura no ano legislativo na ALE-AM nesta terça-feira, dia 4, foi enxuta, não cansativa e destacou os números e atos que o governo considera como avanço que a administração atual foi capaz de fazer em um ano.

Entre os destaques, Wilson Lima deu ênfase à diminuição no tempo de espera por atendimento em alguns setores da saúde e à contratação direta de técnicos de enfermagem. Ele admitiu de forma indireta que os problemas persistem: se comprometeu mais uma vez que não terá descanso enquanto não resolver as distorções do setor que afetam a população.

Detentos geraram economia

Destacou também o programa que colocou detentos do sistema prisional para trabalhar nas obras públicas, o que resultou em economia para o cofre do Estado. E ressaltou estatísticas da SSP-AM que, comparadas entre os anos de 2019 e 2018, apontariam diminuição da violência no Estado.

Pauta negativa para debaixo do tapete

O governador ignorou todas as pautas negativas do ano de 2019 e os problemas que colocam o Estado numa condição ruim na mídia e na opinião pública relacionada à segurança, saúde e economia.

Com frases como “já temos muito o que mostrar” e “o Estado do Amazonas avançou de forma contundente”, Wilson Lima listou obras de manutenção e reformas realizadas ao longo de 2019, sem apontar ações de governo que pudessem dar a cara e a identidade de sua administração.

Riscos

Fontes do Palácio da Compensa também avaliam que de fato ficou um vácuo na mensagem. Mas justificam que os organizadores do conteúdo não tinham saída em função da falta de dados seguros de alguns setores para combater de frente as fragilidades das notícias negativas que atingem a imagem do governo. Para não correrem riscos, optaram por uma zona de conforto no texto do governador.

Protestos e TVs

Na frente da ALE-AM, lideranças de entidades representativas de servidores públicos paralisaram o trânsito e fizeram protestos pedindo a revogação da lei que determinou antecipadamente o congelamento dos salários deles, em 2019.

O grupo não conseguiu reunir, mais uma vez, massa de manifestantes, o que contrastava com a imagem da tropa da PM-AM presente na área externa da ALE-AM.

TVs locais, como a Rede Amazônica, faziam a cobertura ao vivo da manifestação com várias entradas na programação.

Fantasma Melo

Funcionários do governo circulavam na sala da coletiva antes da entrada do governo. Vasculhavam se havia “rostos diferentes” com o objetivo de evitar constrangimentos como o que ocorreu com o ex-governador José Melo, em 2016. Na ocasião, um estudante jogou na cabeça do então governador dinheiro de papel.